A saúde Mental e o Imaginário Social

No Brasil, pode-se observar um grande avanço nas propostas políticas de assistência à saúde mental oficial. Seu ideário está abarcando o campo social, no universo jurídico e nos meios universitários de formação para profissionais da saúde. Apesar de dificuldades existentes no sistema de saúde pública no Brasil, segundo Bezarra (2007) o cenário psiquiátrico brasileiro com os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) vêm modificando fortemente a estrutura de assistência à saúde mental, de maneira que essa rede progressivamente substitui características do modelo hospitalocêntrico e manicomial (perfil de exclusão, opressão e reducionista). Em seu lugar, existe a construção de um sistema de assistência orientado por princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (Universalidade, equidade e integridade), junto da proposta de desinstitucionalização.

Importante destacar que a proposta de desinstitucionalização abarca o surgimento do Hospital San Julian. A proposta é ultrapassar os limites das práticas de saúde e atingir o imaginário social e as formas culturalmente validadas de compreensão da loucura. A palavra que podemos utilizar para resumir tal objetivo é conscientização. Ela resume toda a proposta de políticas sociais internas, que prevê se constituir como ponto de passagem para o paciente continuar com seu tratamento após sua saída do Hospital (contemplando já no tratamento interno a recuperação do paciente e sua reinserção familiar).

"No plano assistencial está para pensar formas inovadoras de organização da atenção e também modelos de intervenção e cuidado considerando seu campo de atuação (noções de rede e território que se adaptam a contextos socioculturais distintos)."

Ainda nesse plano assistencial, existe uma dimensão política que está no esforço de consolidação do poder de indução que os órgãos de coordenação da atenção à saúde mental precisam exercer para estimular transformações nas práticas assistenciais, o que comporta defender mecanismos e critérios de financiamento que ajudem a consolidar as ações de atendimento psicossocial.

Com isso podemos analisar uma estrutura em funcionamento que prioriza a saúde mental como uma necessidade pública e também de conscientização. Além de buscar uma nova política assistencial, o desafio do campo é produzir uma nova sensibilidade cultural frente à concepção da loucura e também do sofrimento psíquico.