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20 de janeiro de 2021Hospital Psiquiátrico San Julian - Pandemia e Saúde Mental
Temos vários exemplos durante a história sobre as consequências de pandemias para a disseminação de agentes patológicos em todo o mundo. Podemos citar a título ilustrativo os surtos de AIDS, Zika, SARS, MERS e Ebola que também chamaram a atenção pela complexidade de conter tais infecções. Segundo Nabuco, Oliveira e Afonso (2020) os estudos conduzidos principalmente frente o SARS (2003) e Ebola (2014) deixaram evidente o aumento de transtornos por estresse pós-traumático, ansiedade e depressão.Em meio a pandemia causada pela COVID-19, o foco das pesquisas, serviços de saúde, gestores e mídia tem sido direcionado em sua grande maioria para aspectos biológicos da doença, o que acaba deixando pouco visível ou sem nenhuma visibilidade os aspectos psicossociais. De acordo com Nabuco, Oliveira e Afonso (2020) já existe um consenso de que a pandemia não afeta apenas a saúde física, mas também a saúde mental e bem-estar das pessoas.
A prática da medicina, e mesmo a sociedade, vem sofrendo profundas transformações devido ao impacto do COVID-19. Novas prioridades foram definidas, especialidades foram alçadas à suma importância, e outras reduzidas em oferta e demanda. O acesso físico de pacientes aos serviços médicos também foi modificado, seja por bloqueios de ordem normativa – federal, estadual ou municipal –, seja pela redefinição de prioridades pelo próprio paciente.
Dentro desse novo cenário, a psiquiatria passou a um novo lugar de urgência e importância. Muitos estudos já estão sendo desenvolvidos com o objetivo de prever o aumento do número de suicídios ao redor do mundo, bem como para favorecer o desenvolvimento de estratégias de prevenção. McIntyre and Lee, 2020, prevêem, no pior cenário, 8.164 óbitos por suicídio, nos EUA, devido ao COVID. O mesmo grupo identificou um possível aumento de até 2114 suicídios no Canadá.

Enquanto não existe uma medida curativa global de saúde pública, o que é recomendado para desacelerar a disseminação do vírus é o uso de máscaras e reforço das medidas de higiene. No entanto, apesar de serem ações fundamentais na luta contra a COVID-19, distancia-se o cidadão frente aos recursos de rede de proteção psicossocial (trabalho, escola, lazer, família e amigos). O grande desafio na atual situação é conseguir lidar com as limitações impostas pelo isolamento físico e quarentena, que acabam sendo uma grande fonte de estresse, comportamentos evitativos e irritabilidade.
Para garantir a saúde mental da comunidade, é recomendado as seguintes ações na Atenção Primária à Saúde (APS):
- Identificação das famílias com fatores de risco para adoecimento mental relacionados à pandemia;
- Articulação intersetorial para viabilizar resposta às demandas das famílias em maior vulnerabilidade;
- Orientações à população que minimizem o adoecimento mental durante o confinamento;
- Apoio para minimizar as barreiras para vivência do luto daqueles que perderam entes queridos.

1) Desenvolvimento
Para favorecer um aumento da acessibilidade da população da região metropolitana de Curitiba a recursos de saúde mental, o Hospital San Julian, em parceria com COMESP (Consórcio intermunicipal de Saúde), idealizaram atendimentos em formatos de telemedicina.Os formatos de telemedicina propostos incluem o atendimento telefônico e por meio de chamadas de vídeo pela Internet. Ambos os formatos preveem o agendamento formal da consulta por meio do sistema eletrônico do COMESP, bem como o preenchimento do prontuário e emissão de receitas, atestados e outros documentos.
O corpo clínico envolvidos no atendimento fazem parte do programa de residência médica em psiquiatria do Hospital San Julian. Fazem parte dos atendimentos médicos psiquiatras preceptores, junto de médicos residentes dos 3 anos de formação.
A estrutura física foi alocada nas dependências do centro ambulatorial do Hospital. Os consultórios foram equipados com telefones para atendimento externo, e os computadores foram equipados com câmeras e microfones para atendimento por vídeo.
O impacto da pandemia pela COVID-19 na saúde mental: qual é o papel da Atenção Primária à Saúde?
McIntyre RS, Lee Y. Preventing suicide in the context of the COVID-19 pandemic. World Psychiatry. 2020;19(2):250‐251. doi:10.1002/wps.20767
McIntyre RS, Lee Y. Projected increases in suicide in Canada as a consequence of COVID-19 [published online ahead of print, 2020 May 19]. Psychiatry Res. 2020;290:113104. doi:10.1016/j.psychres.2020.113104
WangC,PanR,WanX,etal.Immediatepsychologicalresponsesandassociated factors during the initial stage of the 2019 Coronavirus Disease (COVID-19) epidemic among the general population in China. Int J Environ Res Publ Health 2020 Mar 6;17(5):E1729.
Qiu J, Shen B, Zhao M, et al. A nationwide survey of psychological distress among Chinese people in the COVID-19 epidemic: implications and policy rec- ommendations. Gen Psychiatr 2020 Mar 6;33(2):e100213.
Lai J, Ma S, Wang Y, et al. Factors associated with mental health outcomes among health care workers exposed to Coronavirus Disease 2019. JAMA Netw Open 2020 Mar 2;3(3):e203976.
Brown S, Schuman DL. Suicide in the Time of COVID-19: A Perfect Storm [published online ahead of print, 2020 May 3]. J Rural Health. 2020;10.1111/jrh.12458. doi:10.1111/jrh.12458




