Além do suicídio, outras consequências têm sido identificadas. Estudos chineses identificam que 53% das pessoas sofreram impacto psicológico, 16,5% desenvolveram depressão moderada a grave, e 28,8% sintomas ansiosos moderados a graves. Outra pesquisa identificou que 35% dos entrevistados apresentavam algum sofrimento psicológico. Profissionais da área da saúde que trabalham especificamente no enfrentamento ao vírus manifestam sintomas mais importantes que a população em geral: 50,4% desenvolvem depressão, 44,6% ansiedade, 34% insônia, e 71,5% alguma forma de sofrimento. Por fim, tem se identificado aumento de transtornos mentais relacionados a problemas de relacionamento e perdas (luto), desemprego, e aumento do consumo de álcool e outras substâncias.
Enquanto não existe uma medida curativa global de saúde pública, o que é recomendado para desacelerar a disseminação do vírus é o uso de máscaras e reforço das medidas de higiene. No entanto, apesar de serem ações fundamentais na luta contra a COVID-19, distancia-se o cidadão frente aos recursos de rede de proteção psicossocial (trabalho, escola, lazer, família e amigos). O grande desafio na atual situação é conseguir lidar com as limitações impostas pelo isolamento físico e quarentena, que acabam sendo uma grande fonte de estresse, comportamentos evitativos e irritabilidade.
Para garantir a saúde mental da comunidade, é recomendado as seguintes ações na Atenção Primária à Saúde (APS):
- Identificação das famílias com fatores de risco para adoecimento mental relacionados à pandemia;
- Articulação intersetorial para viabilizar resposta às demandas das famílias em maior vulnerabilidade;
- Orientações à população que minimizem o adoecimento mental durante o confinamento;
- Apoio para minimizar as barreiras para vivência do luto daqueles que perderam entes queridos.
Nesse sentido, o Hospital San Julian desempenha suas atividades integradas com o Sistema Único de Saúde (SUS), em consonância com os CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) para não só desempenhar seu papel como agente público, mas também, conscientizar a importância de priorizar os cuidados do corpo e mente, entendendo a saúde mental como parte das medidas de segurança contra a atual pandemia instalada.
1) Desenvolvimento
Para favorecer um aumento da acessibilidade da população da região metropolitana de Curitiba a recursos de saúde mental, o Hospital San Julian, em parceria com COMESP (Consórcio intermunicipal de Saúde), idealizaram atendimentos em formatos de telemedicina.
Os formatos de telemedicina propostos incluem o atendimento telefônico e por meio de chamadas de vídeo pela Internet. Ambos os formatos preveem o agendamento formal da consulta por meio do sistema eletrônico do COMESP, bem como o preenchimento do prontuário e emissão de receitas, atestados e outros documentos.
O corpo clínico envolvidos no atendimento fazem parte do programa de residência médica em psiquiatria do Hospital San Julian. Fazem parte dos atendimentos médicos psiquiatras preceptores, junto de médicos residentes dos 3 anos de formação.
A estrutura física foi alocada nas dependências do centro ambulatorial do Hospital. Os consultórios foram equipados com telefones para atendimento externo, e os computadores foram equipados com câmeras e microfones para atendimento por vídeo.