Modelo de Tratamento do Hospital San Julian

Apesar de hoje em dia ainda prevalecer concepções errôneas sobre os hospitais psiquiátricos, como por exemplo, associar as instituições com medidas de coerção ou de degradação da dignidade humana, o funcionamento dos hospitais são de extrema importância para a manutenção da saúde pública, uma vez que garante não só a vida do portador de transtornos mentais mas também a vida de terceiros. Observa-se diversas repercussões negativas frente antigos manicômios, alegoricamente representados pelo Hospital Colônia de Barbacena que infelizmente criaram paradigmas a respeito dos hospitais psiquiátricos (até 1980 o Instituto Marcelo Gomes Freire estima mais de 60 mil pacientes internados em Barbacena que vieram a falecer) porém, é indiscutível a necessidade de internamento através do Sistema Único de Saúde (SUS) para problemas psiquiátricos.



Falta de ar, tontura e dores no corpo, sintomas que muitas vezes podem parecer uma infecção, porém tem a chance de ser um alerta para um quadro psicossomático. Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde (2021) pelo menos 20% das pessoas atendidas na atenção primária sofrem algum grau de somatização (problemas com a saúde mental). Em meio a compreensão entre o bem-estar psicológico e sintomas físicos, tivemos um grande avanço na área da saúde interdisciplinar, que estuda os efeitos dos fatores sociais e psicológicos sobre os processos orgânicos do corpo de um indivíduo (evidenciando que não existe uma separação entre a saúde mental e a física). Seguindo essa perspectiva, especialistas vem desenvolvendo e aprimorando o modelo biopsicossocial para ajudar os pacientes, adotado também como base de tratamento pelo International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) e também pelo Hospital San Julian, o maior hospital psiquiátrico do Paraná e segundo maior em número de leitos SUS do Brasil.

O modelo biopsicossocial é uma abordagem multidisciplinar, que como mencionado anteriormente, atende as dimensões: biológica, psicológica e social de um indivíduo. O campo biológico investiga os sintomas físicos para compreender a causa da doença no organismo do paciente. Tem como abordagem avaliar questões relacionadas com a saúde física, propensões genéticas e efeitos de drogas e medicamentos. No psicológico temos a investigação sobre habilidades sociais, relacionamentos familiares, autoestima e saúde mental. Na área do social é realizada a observação frente fatores sociais (aspectos socioeconômicos, culturais e inter-relacionais) que podem afetar a saúde do paciente.

Com essas características apresentadas do modelo biopsicossocial podemos entender que tal viés tem como prerrogativa oferecer assistência ao paciente de uma forma holística, além de se concentrar no tratamento da doença (ao invés dos especialistas somente tratarem a doença conseguem promover o cuidado). Esse cuidado ocorre por uma equipe composta de médicos psiquiatras e clínicos, psicólogos, serviço social, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, farmacêuticos, musico terapeuta, nutricionista, enfermeiros e instrutor de artes. O tratamento biopsicossocial ocorre por meio de medicações, suplementos e alimentação (quesito biológico) e também por variadas abordagens psicoterápicas e abordagens sociais, a fim de estimular uma convivência funcional com as outras pessoas.

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