Alimentação Natural - Sustentabilidade
Sabemos que a alimentação sustentável é um desafio global a ser enfrentado nos próximos anos. Segundo uma pesquisa realizada pela Letras Ambientais (2018), até 2050 seremos mais de 9 bilhões de humanos na Terra, em que o crescimento populacional terá um forte impacto na produção mundial de alimentos.
Algumas projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam ser necessário aumentar a produção de alimentos em 60% para assim, atender às demandas de uma população cada vez mais crescente. Seria uma estimativa de 8,4 bilhões do que é produzido hoje para quase 13,5 bilhões de toneladas de alimentos ao ano.
Um relatório feito em 08 de Agosto de 2019 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), chama a atenção para a necessidade de transformar o atual modelo de produção de alimentos para conter mudanças climáticas.
Apesar de ser necessária a produção de alimentos, o modelo atual é um dos motores dominantes da degradação da terra. Manejo insustentável do solo e mudanças no uso da terra são causas humanas diretas de degradação, com a produção agropecuária extensiva sendo uma das principais indutoras das mudanças climáticas.
Uma das consequências do modelo de agricultura industrial predatória estão: emissões de gases de efeito estufa, uso intensivo de recursos naturais, poluição, esgotamento dos solos, impacto de produtos químicos, como herbicidas e pesticidas, entre outros. Um exemplo a ser citado é o vazamento de gás tóxico na fábrica de pesticidas
Union Carbide (multinacional com sede nos Estados Unidos). O gás contaminou 40 km2, deixando cerca de duzentas mil pessoas queimadas ou cegas, e dez mil mortes. Além do vazamento ter causado danos à vida humana, os pesticidas vendidos pela multinacional destruíram o solo e envenenaram as pessoas (ao consumirem os alimentos banhados pelo produto). Apesar do evento ter acontecido em 1984, os sobreviventes ainda hoje carregam sequelas, principalmente frente ao coronavírus em que enfrentam altas taxas de contaminação.
Segundo especialistas do
Standing Committee on Agriculture Research (SCAR), a continuidade das atuais formas de produção e consumo de alimentos já é questionada, pois os limites de suporte da natureza estão escassos, ou seja, a capacidade de reposição dos recursos naturais irá comprometer a prática agropecuária e a indústria alimentar no futuro.
Seja analisando as técnicas industriais agrícolas ou o modelo intensivo da pecuária, observamos que a humanidade atingiu um limite perigoso, uma relação insustentável com a natureza para obter sua fonte de alimento. O mais importante é o indivíduo enquanto consumidor pensar de maneira crítica sobre o assunto. Ao substituir a energia solar pelo combustível fóssil, ao criar milhões de animais em rígidas condições de confinamento, ao alimentar esses animais com comida para a qual sua evolução não os adaptou, e ao nos alimentarmos com comidas que são muito mais insólitas do que imaginamos, estamos colocando em risco nossa saúde e a saúde do mundo natural.
Dentre as principais vantagens em comportar uma alimentação natural e sustentável estão:
1) Conservação da biodiversidade e proteção de espécies ameaçadas de extinção;
2) Valorização e estímulo à agricultura e pecuária local;
3) Redução da emissão de gases poluentes e da produção de resíduos;
4) Estímulo à produção e ao consumo de alimentos mais saudáveis.
Encontrar formas de incorporar a alimentação sustentável no dia a dia é uma maneira de demonstrar cuidado com a saúde e bem-estar, valores tão importantes para garantir a saúde mental de todo e qualquer indivíduo.
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autor: Luiz Prendin é comunicólogo e representante do CMDCA pelo Hospital San Julian.