A Pandemia e o Agravamento de Quadros Psíquicos como Fobias ou TOC
A pandemia causou mudanças substanciais na maneira com que nos portamos frente o dia a dia, seja no trabalho, em ambientes sociais ou com nossas relações de amizade e afetividade. Nessa perspectiva, pode-se imaginar que não deve ser nada fácil para o indivíduo que tem diagnóstico para Transtorno de Ansiedade Social e Fobia estar em quarentena, pois apesar dessas pessoas normalmente não conseguirem sair na rua ou sentir angústia em locais com muita gente, o tratamento psicológico e psiquiátrico pode ser comprometido em decorrência do coronavírus.
Além de fobias, quadros como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) merecem atenção diante da pandemia de covid-19 instalada (constatação feita por especialistas consultados no Hospital San Julian). Por exemplo, o paciente com TOC que acredita que ao tocar um local pode se contaminar, um dos procedimentos de tratamento é o médico especialista incentivar o indivíduo a ter contato com o objeto fóbico. Acaba que a pandemia dificulta tal processo, pois o paciente vai fundamentar sua ideia de que “sempre esteve certo ao lavar as mãos em excesso e foi o mundo que não considerou isso”. Segundo o neurocirurgião Fernando Gomes, profissional do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) em entrevista para o jornal Estadão (17/03/2020), evidencia que a preocupação em excesso pode comprometer o sistema imunológico:
“Essa região tem conexão direta com hipotálamo, que é uma estrutura cerebral profunda que regula todas as funções vitais e também influencia na imunidade. De forma que o pânico e a preocupação excessiva podem provocar comprometimento deste sistema e enfraquecer a imunidade”.
COMO PROFISSIONAIS DA PSICOLOGIA E PSIQUIATRIA DEVEM AGIR FRENTE A ESSE PANORAMA?
Entendemos que nesse momento de pandemia o mais importante é o acompanhamento de um profissional de saúde. Considerando todas as medidas de prevenção sobre o distanciamento social, hoje temos a opção de tratamento à distância (tanto
mobile como através do
desktop). É importante ressaltar que a condição atual de
ansiedade social é momentânea, e que o que o indivíduo está sentindo nesse período é congruente com a sociedade, assim, não está necessariamente associado à uma doença de base como as psíquicas que o levaram ao consultório.
Para além dos pacientes, a pandemia também fragiliza a saúde mental dos profissionais da saúde, como os
enfermeiros. Esses profissionais fazem toda a gerência da assistência, de pessoas, materiais, ou seja, promovem o cuidado em todo seu escopo para os indivíduos que precisam. Para os trabalhadores da saúde, o estresse e a pressão de lidar com o ofício, acrescido do risco de adoecer, provocam graves problemas de saúde mental, aumentando a rotatividade de pessoal na instituição, além de gerar ansiedade e depressão. Como observado, tanto para os pacientes quanto para os profissionais da saúde, existe tal vulnerabilidade na saúde mental, o que torna essencial a orientação para ambos os grupos sobre tais sentimentos serem naturais pelo momento que todos estamos passando.
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