Setembro Amarelo - Saúde Mental
O Setembro Amarelo tem como objetivo dar atenção a prevenção de casos de suicídio e a promoção da saúde mental. Sabemos que desde o fim da década de 70, muitos movimentos ligados à saúde denunciaram abusos cometidos em instituições psiquiátricas, além da precarização das condições de trabalho. Neste momento surgiram movimentos de trabalhadores de saúde mental, que colocaram em evidência a necessidade de uma reforma psiquiátrica no Brasil. O Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) - que contou com a participação popular, inclusive de familiares de pacientes - e o Movimento Sanitário foram dois dos maiores responsáveis por essa iniciativa. A preocupação com a saúde mental e as consequências da falta de atendimento que comportassem a evidente necessidade de atender essa demanda reforçaram campanhas que promovessem a conscientização do campo.
Para isso, torna-se essencial conhecer mais o que envolve o cenário do Setembro Amarelo, pois assim sabemos como ajudar quem mais precisa. Segundo dados do Conselho Federal de Psicologia (2021), cerca de 90% dos casos de suicídios poderiam ser evitados com o auxílio de profissionais da saúde mental. É interessante observar que o movimento antimanicomial construiu uma nova forma de ver o tratamento psiquiátrico. Abolir os cuidados com saúde mental não é o caminho para alcançar uma saúde pública de qualidade, mas reavaliar a estrutura de atendimento para que comporte melhor as necessidades da comunidade, torna-se um ato humanitário, e por consequência, acaba por avaliar a melhor forma de prevenir o suicídio. Várias são as ações que podem ser feitas para alcançar tal objetivo.
Incentivar a busca por tratamento pode ser uma boa maneira de estimular a prevenção e a saúde mental. Com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) nos anos noventa, a partir da Reforma Sanitária (mencionada anteriormente) o conceito de saúde foi ampliado, passando a exigir interdisciplinaridade. Entender as necessidades de cada indivíduo e inseri-lo novamente na sociedade é um trabalho de promoção da vida. Demanda um trabalho em conjunto e aprendizagem mútua para combinar os elementos de cada disciplina.
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alertam para a necessidade de busca de tratamento especializado. Em um cenário nacional em que 11,5 milhões de brasileiros sofrem com a depressão e menos de 10% dessa população recebem diagnósticos e tratamentos adequados, torna-se necessário o alerta para a desmistificação de temas ligados à saúde mental e estimular a busca por ajuda profissional. Um dos problemas em não procurar auxílio é o risco da evolução de doenças para quadros mais graves, que, inclusive, podem culminar com o suicídio.
Torna-se relevante promover eventos, debates e discussões que fomentem a importância de cuidar da saúde mental. A população como um todo e entidades que representam suas respectivas necessidades precisam entender que a atenção à saúde mental têm a mesma importância que a física. De maneira complementar, a interação social ajuda a superar momentos de sofrimento, uma vez que os riscos do desenvolvimento de diferentes doenças que surgem por influência de algum viés emocional são reduzidos.
Sabendo que a saúde mental torna-se necessária para evitar desfechos de exclusão da vida, como poderíamos ajudar quem mais precisa?
"Identificando possíveis sinais de alerta sobre as pessoas estarem com algum tipo de debilidade emocional!"
O estresse patológico, as crises rotineiras de depressão, consumo descontrolado de psicoativos e conflitos familiares naturalmente geram grandes degradações para a saúde mental do indivíduo, seja na fase adulta ou na adolescência. Existem sinais que podemos nos atentar para encaminhar o familiar ou o amigo, de maneira que o mesmo faça uma avaliação com um psiquiatra buscando a prevenção:
1) Perda de interesse nas coisas que antes proporcionava prazer;
2) Comportamento retraído, tendo muita dificuldade em integrar-se socialmente e com familiares;
3) Facilidade em trazer pensamentos obsessivos e negativos;
4) Pensamentos de desesperança, solidão, tristeza, baixa autoestima e falta de motivação para a vida;
5) Alterações extremas de humor, como raiva e rancor excessivo;
6) Mudança de assunto quando o tema é a procura por reabilitação mental ou tratamento para suicídio;
Algumas formas de prevenção passam por abordagens psicoterápicas e outras pelo uso de psicofármacos. Entre as abordagens psicoterápicas se destaca o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os Centros Hospitalares da Saúde Mental que promovem cuidados através do SUS, como por exemplo o Hospital San Julian. Entender as novas demandas de saúde vindas da comunidade e as maneiras com que temos para tratar tais questões de saúde pública, torna-se um ato de amor e cidadania para com o próximo. A solidariedade e o conhecimento podem salvar vidas.
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