"Dentre as principais doenças psiquiátricas, temos: depressão maior, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, transtornos alimentares, transtornos de ansiedade, esquizofrenia e transtornos de somatização."
O Transtorno do Humor Bipolar (também conhecido como doença maníaco-depressiva) caracteriza-se por mudanças incomuns no humor, na energia, nos níveis de atividade e na capacidade de realizar as tarefas do dia-a-dia. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a doença atinge cerca de 140 milhões de pessoas no mundo. Basicamente existem quatro tipos básicos de transtorno bipolar: Transtorno Bipolar tipo I, Transtorno Bipolar tipo II, Desordem Ciclotímica e outros Transtornos Bipolares e Relacionados Especificados e Não Especificados.
O Transtorno Bipolar tipo I é definido por sintomas maníacos graves que duram pelo menos 7 dias, e que precisam de cuidados hospitalares imediatos. Geralmente também ocorrem episódios de depressão com características mistas (depressão e sintomas maníacos ao mesmo tempo).
O Transtorno Bipolar tipo II é definido por um padrão de episódios depressivos e episódios hipomaníacos.
A desordem ciclotímica é caracterizada por episódios hipomaníacos e depressivos subsindrômicos, ou seja, possuem sintomas depressivos ou hipomaníacos, mas não fecham critérios suficientes para a síndrome.
Outros Transtornos Bipolares e Relacionados Especificados e Não Especificados são definidos por sintomas de transtorno bipolar não caracterizado nas três categorias exemplificadas acima.
O transtorno obsessivo-compulsivo provoca sentimentos e pensamentos obsessivos e compulsivos que comprometem a saúde emocional do indivíduo, assim como ter grandes chances de afetar a execução de tarefas cotidianas. O paciente com TOC sofre alterações do comportamento (compulsões, repetições, evitações), dos pensamentos (preocupações excessivas, dúvidas, pensamentos “ruins”, obsessões) e das emoções (medo, desconforto, aflição, culpa, depressão). Como exemplo, tais pessoas podem desenvolver uma obsessão pela lavagem das mãos (com justificativa de não contrair nenhuma doença), desenvolver um hábito de colecionar objetos ou ter ações impulsivas de maneira ansiosa e eufórica.
Os Transtornos Alimentares estão ligados a Anorexia Nervosa, que tem relação ao emagrecimento intencional pela recusa de alimentos. Um dos fatores típicos de tal doença é a visão distorcida da própria imagem no espelho (medo excessivo de engordar). A causa não é muito evidente, porém alguns especialistas acreditam que o ideal cultural de magreza pode afetar o indivíduo por questões de influência social e cultural. As vítimas de abuso sexual estão também mais predispostos a desenvolver a doença. Em contrapartida, também existe a Bulimia, que tem como característica a ingestão de grandes quantidades de alimento em curto espaço de tempo, o que na maioria das vezes é seguido por algum método purgativo como: indução de vômitos, uso de laxativos, diuréticos, anfetamínicos e outros.
Os Transtornos de Ansiedade são caracterizados por um medo sem causa aparente e que podem gerar preocupação excessiva frente situações que não ocorreram e podem até não acontecer (antecipação de perigo). Em crianças, o desenvolvimento emocional atua sobre as causas e a maneira como aparecem os medos e as preocupações tanto patológicas quanto normais. A TAG se expressa de maneira mais comum através da ansiedade patológica, distúrbios somatoformes, fobias e pela síndrome do pânico. O transtorno também pode desencadear sintomas físicos como: sudorese, tremores dos membros inferiores e superiores, palpitação, dores torácicas, sensação de sufocamento e de formigamentos nas mãos e nas costas.
A Esquizofrenia caracteriza-se por distúrbio da sensopercepção, da organização e conteúdo do pensamento, do comportamento e julgamento. Em estados mais avançados, o transtorno pode também afetar a percepção da realidade e a expressão do pensamento. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 20 milhões de pessoas são acometidas por essa doença mental mundialmente. Diferentemente de um distúrbio de múltiplas personalidades, a Esquizofrenia está ligada com funções mentais divididas.
Existem alguns fatores que são gatilhos para o início de alterações neuroquímicas cerebrais e para posteriormente surgir sintomas no comportamento do indivíduo: histórico familiar de esquizofrenia (as chances são de 10% se tiver um irmão com esquizofrenia, 18% se tiver um irmão gêmeo não-idêntico com esquizofrenia, 50% se tiver um irmão gêmeo idêntico com esquizofrenia e 80% se os dois pais forem afetados por esquizofrenia), ser exposto a toxinas, vírus e à má nutrição dentro do útero da mãe, problemas no parto como falta de oxigênio (hipóxia neonatal), ter um pai com idade mais avançada, uso de maconha ou tabagismo.
Os Transtornos de Somatização é visto como um distúrbio psiquiátrico que afeta o corpo. Seria uma representação física do desequilíbrio psíquico e biológico do indivíduo. As experiências emocionais do cidadão em seu contexto social exerce papel importante no processo de somatização através de sintomas físicos, em que sua origem ainda não explicada pelas ciências médicas (sendo esse o motivo para considerar os sintomas de origem emocional).
Apesar de serem inúmeros os exemplos de distúrbios mentais, hoje existem avanços nos tratamentos frente às doenças psiquiátricas. A maioria das intervenções que existem para tratar essas enfermidades se dividem entre métodos somáticos (medicações e terapias estimulantes das funções cerebrais) e psicoterapêuticos (promoção da modulação comportamental). Como exemplo, temos: medicamentos, terapia cognitiva, terapia comportamental e terapia de manutenção.
A partir desse panorama, vale ressaltar a importância do papel de um Hospital Psiquiátrico, em que o paciente possui além do atendimento psiquiátrico, o clínico e toda uma equipe multiprofissional a postos para assegurar o suporte necessário. Além de optar pelo tratamento em hospitais especializados ser uma condicionante para alcançar a saúde mental, ajuda a superar o estigma de que o doente mental é violento e agressivo (o paciente quando está bem tratado e tem o apoio que necessita, não torna-se um risco tanto para si quanto para a sociedade).
Outros fatores que se pode citar para justificar a escolha por uma instituição especializada de saúde mental, são: suporte psicoterapêutico, terapia integrada com vários especialistas, possibilidade de participação da família, ambiente favorável ao tratamento e infraestrutura adequada.
Um dos grandes desafios da saúde mental é fazer com que os familiares e alguns pacientes entendam a importância da continuidade do tratamento. A maioria das doenças psiquiátricas demandam tempo para a recuperação, tendo na maioria dos casos, a necessidade de tratamento para a vida toda.
Texto revisado e aprovado pelo Dr.º Ricardo Sbalqueiro (Coordenador do Programa de Residência Médica do Hospital San Julian)