Você provavelmente já ouviu alguém dizer que faz terapia “para lidar com quem precisa de terapia e não faz”. Ou que o planeta seria um lugar mais feliz se “todo mundo” fosse para o divã.
Mas, afinal, será que todas as pessoas precisam mesmo fazer terapia? E como é que sabemos quando (e se) necessitamos procurar um psicólogo?
A resposta é não, nem todo mundo precisa fazer terapia. Quem precisa então? “Não existe um perfil de quem deve ir ou de quem vai se adaptar melhor ao processo de terapia”, afirma Bárbara Santos, psicóloga e psicanalista na Holiste Psiquiatria, em Salvador. “No entanto, o mais comum são pessoas em intenso sofrimento emocional, que buscam o psicólogo para entender melhor o que está acontecendo e como lidar com isso”, explica.
Mas é importante saber que a terapia não precisa ser um processo apenas para quem está com um problema de saúde mental e pode beneficiar qualquer pessoa, até quem não precisa dela. Consultas com um psicólogo podem ser uteis para aprender novas habilidades para se comunicar melhor, superar a timidez, aprender a gerenciar o estresse ou a lidar melhor com situações pontuais, como o luto ou um divórcio.
“É muito comum a ideia de que terapia é só para gente louca, mas isso não é verdade”, explica Ricardo Milito, psicólogo membro do conselho de administração do Instituto Bem do Estar, em São Paulo. “A terapia nos ajuda a entender melhor nossas emoções e a melhorar nosso relacionamento com os outros e com nós mesmos”, afirma.
Definindo “sofrimento”
A maioria das pessoas que busca terapia, de fato, faz isso por estar sofrendo de dores emocionais. Mas ainda existe uma resistência muito grande da sociedade em aceitar que esse sofrimento pode ser trabalhado e amenizado na terapia. Por isso, é comum ouvir que ir para o psicólogo é bobagem e que é possível resolver as questões sozinho. Isso nem sempre é verdade.
O sofrimento faz parte da vida de todos, assim como a alegria, a felicidade”, explica Santos. “Ele nos ajuda a amadurecer, mas, quando passa a ser incapacitante, prejudicando outros aspectos da vida da pessoa e tornando a realidade dela adoecida, é hora de buscar ajuda”, acredita. Alguns sinais podem ajudar a medir quando o sofrimento psicológico está além da conta e as emoções precisam se reorganizar para que o indivíduo volte ao equilíbrio. Como:
Quando o auxílio para tratar questão emocionais demora a vir, o corpo também pode dar sinais de que precisa de ajuda: é comum pessoas que estejam em sofrimento emocional sentirem dores de cabeça e no corpo, fadiga e dificuldade de concentração, terem episódios de gastrite e ainda apresentarem uma queda imunológica.
E, mesmo que o sofrimento não seja intenso, apenas a inquietação ou a incapacidade de lidar com algumas questões da vida — como uma fase de mudanças — já podem ser suficientes para uma ida ao consultório do psicólogo.
Fonte: uol.com.br
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