A adolescência não é uma fase simples, e quem é ou convive de perto com um jovem sente na pele as dificuldades. Cercada pelas alterações hormonais da puberdade, ela está repleta de mudanças físicas, psicológicas e sociais. Por tudo isso, não é raro ouvir adultos reclamando que seus filhos não querem mais fazer programas em família, passam o dia no quarto, não conversam com eles e explodem por qualquer razão. Que fase!
Entretanto, nem todos os comportamentos dos adolescentes são apenas reflexo da idade. É necessário um olhar atento para saber distinguir comportamentos mais retraídos e relacionados à fase da vida de comportamentos de risco, que podem indicar distúrbios da saúde mental e evoluir para quadros graves de depressão, e até mesmo suicídio.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a doença mais frequente na adolescência, e o suicídio é a principal causa de morte de pessoas que têm entre 15 e 29 anos. Ainda de acordo com a OMS, nessa fase a maioria dos transtornos mentais não é diagnosticada ou tratada. Dados como esses mostram o quanto é importante que os responsáveis olhem com atenção redobrada para os jovens: conversar, ouvir e ficar de olho ajudam.
São inúmeros os fatores que influenciam a saúde mental de um adolescente. Entre eles: qualidade de vida, relação com seus pares, violência (incluindo pais agressivos e sofrimento de bullying), violência sexual e problemas socioeconômicos. Os jovens com maior risco de desenvolver problemas de saúde mental são aqueles que enfrentam discriminação, exclusão social, ambientes frágeis e com insegurança alimentar, doenças crônicas, transtorno do espectro autista, dificuldade intelectual, gravidez e/ou casamento precoce ou forçado. Fazer parte de minorias étnicas, sexuais ou de outros grupos discriminados também tende a acarretar grande risco de desenvolver transtornos emocionais.
Ficar de olho nas mudanças de comportamento dos adolescentes pode ser a chave para ajudá-los a lidar com possíveis problemas e evitar tentativas de suicídio.
Automutilação – Segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV), nos últimos tempos houve um crescimento no número de atendimentos a jovens que praticam automutilação, especialmente entre meninas de 13 a 17 anos. É consenso entre os profissionais da área que a automutilação é uma forma de lidar com problemas, por desviar momentaneamente a atenção da dor emocional para a física. Esse comportamento tende a se repetir sempre que o jovem sente necessidade de fugir das ansiedades. O uso constante de roupas que cobrem a maior parte do corpo, em especial braços e pulsos – mesmo no calor – pode ser sinal de que o adolescente está se mutilando.
Isolamento social, crises de choro frequentes, tristeza profunda, queda no rendimento escolar, afastamentos sem motivo aparente, agressividade, impulsividade, comentários sobre morte e despedida. Os adolescentes costumam usar suas redes sociais com frequência, então acompanhar suas publicações é um modo de observar essas mudanças de comportamento e alterações de humor.
Fonte: https://painel.programasaudeativa.com.br/