A Saúde Mental no Trabalho
Vivemos em um mundo de mudanças, pelas quais, o indivíduo sempre sofre por constantes transformações: seja por uma concepção de mundo ou sobre a vida de um outro ser humano. Essas mudanças devem acompanhar todos os espaços de convívio, não sendo somente importante dentro de casa, mas também, em espaços públicos e ambientes corporativos.
"Uma pesquisa realizada pela Harvard Business Review (2021) aponta que a cada 4 adultos, 1 sofre de doença mental por ano e cerca de 18% da população adulta dos Estados Unidos têm transtorno de ansiedade. Apesar desses dados, ainda relutamos em falar sobre saúde mental no trabalho."
Se estamos emocionados no trabalho, nosso impulso é esconder (como por exemplo, podemos nos esconder no banheiro quando estamos chateados ou marcar uma reunião falsa se precisamos de um tempo a sós durante o dia). Acabamos hesitando em pedir o que necessariamente precisamos — horário flexível ou um dia de trabalho em casa — até ocorrer um evento considerado de extrema importância pelo ambiente empresarial, como o nascimento de uma criança ou a doença de um ente querido. Nesse panorama, acaba sendo mais provável que tenhamos uma queda de confiança com nosso chefe do que admitir que temos, por exemplo, um possível caso de ansiedade.
A doença mental é um desafio, mas não é uma fraqueza. Compreender nossa psique pode ser a chave para liberar seus pontos fortes — seja usando sua sensibilidade para ter empatia com os clientes, sua ansiedade para ser um chefe mais atencioso ou sua necessidade de espaço para abrir caminhos novos e interessantes. Ao reconhecer nossa saúde mental, passamos a nos conhecer melhor e ser pessoas, funcionários e líderes mais autênticos. A pesquisa realizada evidencia que sentir-se autêntico e aberto no trabalho leva o colaborador a um melhor desempenho, engajamento, retenção de funcionários e bem-estar geral.
Apesar dos dados evidenciados, menos de um terço das pessoas com doenças mentais obtêm o tratamento de que precisam, e isso tem um custo para as pessoas e para as empresas. De acordo com a Harvard Business Review (2021) quando as empresas deixam de reconhecer a saúde mental de um funcionário, sua produtividade pode ser prejudicada: US $ 44 bilhões são perdidos para a depressão a cada ano, enquanto US $ 4 são devolvidos à economia para cada US $ 1 gasto cuidando de pessoas com problemas de saúde mental. Segundo os dados, o custo para atender as necessidades de um colaborador, frente a sua saúde mental, é menor do que o retorno de lucro que o trabalhador garante.
Então, o que precisamos mudar?
"No século XXI, o capital humano (capacidade de conhecimentos, competências e atributos da personalidade de uma pessoa ao desempenhar um trabalho de modo a produzir valor econômico) é o recurso mais valioso de nossa economia."
Pode-se observar que muito foi feito para promover a diversidade no trabalho (atualmente, por exemplo, temos campanhas corporativas defendendo a identidade de gênero como um elemento da liberdade de expressão) porém, há uma lacuna considerável quando se trata de entender como o temperamento e o sentimento influenciam a trajetória do sucesso. Na medida que reconhecemos a diversidade neurológica e emocional em todas as suas formas, as culturas organizacionais precisam abrir espaço para uma ampla gama de emoções que experimentamos (o suporte profissional precisa melhorar). Os trabalhadores precisam ter a opção de pedir ajuda e sentir-se seguros para fazê-lo (algumas empresas oferecem um Programa de Assistência ao Empregado). Em resumo, os empregadores precisam de mais flexibilidade, sensibilidade e “mente aberta” para tratar a saúde mental com o mesmo cuidado frente a um osso quebrado ou licença maternidade.
A empresa
EY, que tem como propósito “construir um mundo de negócios melhor”, lançou um programa chamado
We Care para educar os funcionários sobre problemas de saúde mental, incentivando o indivíduo a procurar ajuda caso necessite e também, ser um apoio para colegas que podem estar lutando com doenças mentais. Outro exemplo de ação empresarial, é a loja de móveis
Herman Miller, que oferece sessões gratuitas de aconselhamento local para funcionários e seus respectivos familiares, e cursos de primeiros socorros em saúde mental, que tem como objetivo, reconhecer os sinais de doença mental em outras pessoas, promovendo assim, um estado ideal de bem-estar.
Essas organizações estão percebendo que, com o apoio certo, os funcionários que lutam com sua saúde mental podem fazer um ótimo trabalho. A ansiedade é uma expectativa persistente de que algo ruim vai acontecer, e se não falarmos sobre isso, é mais difícil reconhecer nossos gatilhos e aprender maneiras saudáveis de lidar com a situação. Mas quando verbalizamos o problema, podemos realmente nos ensinar a aproveitá-lo de maneiras que aumentem nossos pontos fortes. Além dos programas de assistência aos funcionários, a conversação e a educação são pontos-chaves para aumentar a compreensão e reduzir o estigma em torno da saúde mental. As conversas que você instiga e as escolhas dos tópicos de discussão são peças importantes para o processo de mudança.
Por fim, a pesquisa mostra que a depressão e a ansiedade são compartilhadas por todos os membros de um local de trabalho e pode se tornar um ciclo vicioso. A mudança deve começar com gerentes e profissionais de RH reconhecendo a ambivalência e o conflito interno que muitas pessoas sentem e assim, agindo sobre o problema.
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O Hospital San Julian acredita que quando as pessoas obtêm o espaço e o apoio de que precisam, isso pode mudar suas carreiras e a vida da organização.
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